Suplementos de nome esquisito, como TA-65 e resveratrol, prometem "tratar" o envelhecimento.
A ideia de que o corpo envelhece a cada dia, independentemente dos hábitos alimentares, pode cair em desuso. "O envelhecimento costuma ser visto como algo inevitável, mas, na verdade, é um problema que pode ser tratado". Quem faz essa afirmação é David Sinclair, famoso geneticista da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. "Nosso corpo tem a capacidade extraordinária de se consertar", garante o pesquisador. A solução para a velhice estaria em dois suplementos que vêm fazendo a cabeça de celebridades, atletas, médicos e pacientes: resveratrol e TA-65. Ambas as substâncias estimulariam mecanismos do corpo que ajudam no rejuvenescimento. O frisson aumentou após publicação de estudos que afirmam que os dois compostos ativaram enzimas reparadoras do DNA de ratos. Como essas enzimas existem no corpo humano, não demorou para que milhares de pessoas, na esperança de obter um estímulo semelhante aquele verificado nos roedores, passassem a correr atrás das pílulas milagrosas. Em 2006, Sinclair ajudou a divulgar a notícia de que o resveratrol - substância encontrada também no vinho tinto - ativava enzimas chamadas de sirtuínas. Existentes em nossas células, as tais sirtuínas, que têm como principal função regular os processos químicos que ajudam a manter o corpo em ordem, tendem a tornar-se menos ativas na meia-idade. Os pesquisadores acreditam que as sirtuínas, além de aumentarem a taxa de reparo no DNA, promovem a sobrevivência das células, a queima de gordura e uma melhor metabolização do açúcar. É aí que entra o resveratrol: "Ao ativar a sirtuína, o resveratrol engana o corpo e faz com ele pense que está fazendo exercício e dieta", explica Sinclair.
Quem ingere resveratrol, substância existente em suplementos sem receita médica, costuma notar aumento da energia do metabolismo e da concentração - traços da juventude. Outro ponto positivo é que o composto diminuiu, ou estancou, o crescimento de certos cânceres nos ratos. Os testes clínicos com seres humanos também começaram. Com eles, foi revelada outra façanha do resveratrol: novas pesquisas indicam que a substância pode suprimir inflamações, o que contribui, em tese, para um rosto com menos rugas. O suplemento TA-65, por sua vez, é um antioxidante potente, conhecido por ativar o telomerase da células - outra enzima de nome pouco sonoro que traz benefícios anti-idade. O TA-65 teria a capacidade de restaurar as "capas" de proteção nas pontas do DNA, chamadas telômeros, que encurtam um pouquinho cada vez que a célula se divide. Quanto menores os telômeros, mais perto da morte estão as células. O que a ciência já sabe é que muitos sinais do envelhecimento físico podem ser atribuídos ao encurtamento do telômeros. Por isso, ao restaurá-los, estaríamos fazendo o relógio do tempo andar um pouquinho para trás. Especula-se até que, no futuro, acompanhar o comprimento dos telômeros pode se tornar tão comum quanto medir as taxas de colesterol. No entanto, essa pílulas de preço elevado - o tratamento sai por, pelo menos, US$2,4 mil por ano - ,vendidas apenas para quem tem mais de 40 anos, geram controvérsia. É que a atividade da telomerase também está associada ao crescimento maligno das células, e alguns médicos tem que o suplemento concentrado possa transformar células pancreáticas em câncer. Neste momento, o que nos perguntamos é: será mesmo verdade que essa história toda de enzimas pode nos ajudar na guerra contra o envelhicimento? "Não acho que seja uma questão de se, mas sim, de quando", diz, com sua ênfase característica, Sinclair. Se você quer saber o que fazer, pense no seguinte: Sinclair toma, religiosamente, sua própria formulação de resveratrol. Ao que tudo indica, vale a pena, pelo menos, começar a decorar todos esses nomes - tão esquisitos quanto promissores.
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