Seios nus na internet — e a jovem da Tunísia é condenada à morte por clérigo muçulmano. A família resolveu interná-la num hospício
Amina, em uma das fotos postadas: "meu corpo pertence a mim e não é a fonte da honra de ninguém" |
Ela se chama Amina, tem 19 anos de idade, nasceu e vive na Tunísia, país que, teoricamente, tornou-se uma democracia após a chamada “Primavera Árabe” que derrubou a ditadura do eterno presidente Zine el-Abidine Ben AliAmina, em janeiro de 2011.
Mas Amina cometeu um pecado mortal em uma sociedade islâmica — e por essa razão foi condenada à morte por um sacerdote islâmico, enquanto a família tomou suas providências: rapidamente internou-a em uma instituição psiquiátrica em Túnis, capital do país.
Outra das fotos de Amina que provocaram a reação do clérigo muçulmano |
O pecado: a jovem postou fotos suas de seios de fora na web page que ela criou, na Tunísia, para o grupo feminista radical ucraniano Femen, constituído por ativistas que se desnudam em público por diferentes causas, sempre protestando contra algo. Uma das fotos mostra Amina lendo e fumando um cigarro, tendo no peito a inscrição em árabe da frase “meu corpo pertence a mim e não é a fonte da honra de ninguém”. Em outra foto, ela aparece levantando os dedos médios para a câmera tendo no corpo a inscrição, em inglês: “Foda-se a moral de vocês”.
A reação na Tunísia veio pela boca espumando de ódio do pregador muçulmano salafista Almi Adel, segundo o qual a jovem deveria ser “apedrejada até a morte”, uma vez que sua ação poderia causar “epidemias e desastres” e “poderia ser contagiosa e sugerir ideias a outras mulheres”. Ocorre que Almi Adel acumula as funções de clérigo islâmico com a direção de uma Comissão para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício na Tunísia — órgão oficial com título semelhante aos existentes nos regimes totalitários do Irã e da Arábia Saudita.
Do ponto de vista religioso, ele lançou uma fatwa contra a moça — o que significa que os fiéis estão autorizados a matá-la. Do ponto de vista laico, as coisas não estão claras, mas a mídia tunisiana diz que, conforme a legislação dessa “democracia” árabe, ela poderia ser condenada a até dois anos de prisão. [veja.abril/ricardo-setti]
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