terça-feira, 28 de maio de 2013

O 4G — telefonia móvel ultrarrápida — passou no teste

Confira abaixo perguntas e respostas importantes sobre o novo sistema



Reportagem de Victor Caputo, com colaboração de Henrique Carneiro publicada em edição impressa de VEJA (adaptado para o blog)

O 4G passou no teste

O novo sistema ultrarrápido de telefonia móvel começa agora a ser instalado nas maiores cidades. Poucos brasileiros poderão tê-lo: ele custa caro e não estará disponível em todo o país

A implantação no Brasil da quarta geração da telefonia móvel, o 4G, começa para valer no fim deste mês. O sistema será instalado primeiramente nas cidades-sede da Copa das Confederações. Em dezembro, será a vez das cidades-sede da Copa do Mundo. Até agora, o 4G só estava disponível em operação experimental em seis cidades-piloto.

Até o fim deste ano, vinte em cada 100 brasileiros terão a opção de aderir a um sistema de telefonia muitíssimo superior ao atual. Na última década, o smartphone e o 3G revolucionaram o acesso à internet e o uso do celular. Com os smartphones e, em especial, o iPhone, a telefonia móvel rompeu o limite das ligações de voz e passou a ser mais usada para acessar a internet.

O 3G, em operação comercial desde 1998, ofereceu as condições para conexão remota com a web. Mas tem limitações irritantes. Sua lentidão não permite o tráfego de arquivos pesados. É impossível assistir a filmes em alta resolução em smartphones ou tablets. O 4G, que multiplica por dez a velocidade de uma conexão móvel, chega a superar a velocidade da internet a cabo padrão nas residências.

Em seu caso, as limitações são de outra ordem: é caro para o consumidor e, pelo cronograma de instalação, por muito tempo só estará disponível numa fração do território brasileiro. A seguir, as respostas às dúvidas mais frequentes sobre o 4G.


Quando poderei ter o 4G?

Até 2014, o sistema só estará disponível em quinze cidades (veja o quadro acima). Quatro operadoras adquiriram concessões no leilão de 2,9 bilhões de reais realizado em junho de 2012.

Até agora, apenas a Claro testou a rede em seis cidades-piloto, com 5000 clientes. A partir de 30 de abril, a Oi, a Tim e a Vivo oferecerão planos de conexão em mais cinco cidades. No fim do ano, a rede 4G chegará a outras quatro metrópoles, entre elas São Paulo.

Ele muda minha vida?

O 4G permite assistir a filmes em alta resolução, por streaming, do YouTube e de serviços como o Netflix em smartphones ou tablets. Streaming é o sistema pelo qual os arquivos rodam imediatamente na internet, sem a necessidade de baixá-los. Entrar em sites leva milésimos de segundo.

Posso então cancelar a internet em casa?

No teste feito por VEJA em Campos do Jordão, uma das cidades-piloto que contam com a cobertura, o 4G atingiu a velocidade de 47 megabites por segundo, suficiente para baixar uma música digital em um segundo. É melhor que a internet a cabo padrão de 10 megabites por segundo existente na maioria das casas.

No futuro, infelizmente, a qualidade tende a cair. A transmissão de dados da telefonia funciona como uma estrada. Quanto maior a quantidade de carros na rodovia, menor é a velocidade do tráfego. Ou seja, à medida que o número de pessoas conectadas ao 4G aumentar, maior será o congestionamento de dados e menor a velocidade do serviço.

Estima-se que o desempenho caia para um terço do atual já no próximo dia 30, com a ampliação do sistema. Isso não chega a assustar, pois, ainda assim, o 4G oferecerá velocidade superior à disponível hoje pela internet fixa mais popular. Aliás, a web via cabo também evolui. Já existe no Brasil um serviço com velocidade superior à do 4G, mas ele custa o dobro do preço de um plano 4G.

No futuro, o Fiber, do Google, em fase de testes nos Estados Unidos, deverá oferecer internet fixa com velocidade de 1 gigabite, vinte vezes mais eficiente que o 4G.

Em uma cidade sem 4G, o celular fica sem internet?

Não. O sistema troca automaticamente para 3G.



Por que o 4G é tão caro?

A tecnologia é nova, e o preço alto decorre das despesas com desenvolvimento e instalação. Em geral, os preços caem à medida que o número de consumidores aumenta e os investimentos iniciais tenham sido recompensados. No início, um pacote de serviços 4G custará dezesseis vezes mais que um 3G. Além dos 2,9 bilhões de reais investidos na compra da concessão para operar a rede, estima-se que cada uma das empresas deve gastar até 6 bilhões de reais até 2014 para instalar antenas.

Será preciso trocar o celular?

Sim. O 4G demanda aparelhos adaptados, mais caros que os com 3G. Como o Brasil não adotou o padrão internacional de transmissão de dados, a oferta inicial é de apenas cinco smartphones. Não será possível usar o iPhone nem o iPad. Aliás, ainda não há nenhum tablet habilitado.

OS PRIMEIROS 5 -- Poucos smartphones com 4G estão à venda no Brasil: o Galaxy SIII, da Sansung, o Rarz HD, da Motorola, dois da linha Lumia, da Nokia, e o Optimus G, da LG

Por que o Brasil adotou um padrão pouco comum?

As informações de smartphones são enviadas por ondas de rádio, que operam em determinadas frequências. A União Internacional de Telecomunicação, agência da ONU, recomenda a frequência de 700 mega-hertz para o 4G. “No Brasil, essa faixa está ocupada com a transmissão da televisão analógica”, explica o engenheiro Marcelo Zuffo, da Universidade de São Paulo. “O país precisou optar pela de 2500 mega-hertz, que oferece pior cobertura e necessita de maiores investimentos para ser instalada.” A faixa de 700 mega-hertz terá de ser desocupada até 2018. Aí o Brasil entrará no padrão internacional.

É melhor esperar pelo 5G?

Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, explica: “O sistema atual deverá evoluir para o que é conhecido como 4G+, pouco diferente do 4G. Ainda não se sabe quando haverá o 5G”.


O 4G chegou ao Brasil com uma lacuna de três anos em relação ao começo das operações nos Estados Unidos. É um intervalo curto se comparado aos seis anos de demora do 3G ou aos dezessete anos que levou o celular. A primeira ligação telefônica feita de um aparelho móvel completou quarenta anos.

Em 3 de abril de 1973, o americano Martin Cooper usou o protótipo do primeiro modelo de celular de sua empresa, a Motorola, para ligar para o telefone fixo de um engenheiro de uma concorrente. Em tom de desafio, ele disse: “Ligo de um telefone portátil que posso carregar para qualquer lugar”.

No Brasil, a primeira ligação ocorreu em 1990. Foi uma conversa encenada entre dois ministros: Ozires Silva, da Infraestrutura, e Jarbas Passarinho, da Justiça. O primeiro celular a navegar na web foi o Nokia 9000 Communicator, em 1996. Baixar um arquivo da rede naquele smartphone rudimentar demorava horas.

Com a chegada do 4G, a simbiose torna-se perfeita e nosso acesso ao mundo digital muda definitivamente. Na opinião do americano Charles Golvin, especialista em telecomunicações da consultoria Forrester, “o 4G dá início a um novo momento da tecnologia móvel, em que há a possibilidade inédita de trocar instantaneamente qualquer tipo de informação digital”.

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