Estão aí os pesquisadores que não nos deixam mentir: o coração dos apaixonados quer ser surpreendido o tempo todo, mas sem perder o benefício do calor que só o dia a dia traz...
Queridos. Sempre que vejo uma matéria interessante, penso em dividir com vocês. Afinal, não sou egoísta (hehe). Pois bem, caiu em minhas mãos uma revista Cláudia antiga com um artigo sensacional sobre "comportamento" e eu resolvi fazer um resumo pra vocês.
Quando você chega em casa, provavelmente não diz: "Ah, que bom que tem energia elétrica e água!" Só quando falta é que percebe a importância delas. Isto é rotina: saber que as coisas essenciais funcionam e estão disponíveis porque alguém cuida para que estejam. Essa continuidade não é sinônimo de mesmice - é a base de qualquer relação. No trabalho, por exemplo, os alicerces são interesses em comum e o dia a dia é regido por procedimentos fundamentais para que tudo funcione. Imagine não saber a que hora deve entrar ou sair, quais são suas funções e metas... Sobre esses pilares você constrói uma grande história de intimidade.
"Desde a infância a rotina é fundamental para trazer segurança", diz a psicoterapeuta e pedagoga Beatriz Gonçalves de SP. O bebê tem horários para se alimentar e dormir, e assim fica menos ansioso. Estudiosos da Universidade de IIIinois, nos Estados Unidos, avaliaram 175 casais e descobriram que, quando existem rupturas na rotina do casamento - um dos dois deixa de levar o cachorro para passear, colocar combustível no carro, tirar o lixo, pagar uma conta -, a qualidade da comunicação diminui. É como se um não tivesse cumprido com sua parte no trato e, por isso, a cumplicidade vai sendo corroída. Na maioria das vezes, nem se percebe. "Para funcionar, o relacionamento precisa de uma base de estabilidade e outra de variabilidade", afirma Ailton Amélio da Silva, professor de psicologia experimental da USP e autor de "Para Viver um Grande Amor" (Gente). A rotina é a parte que segue sozinha, importante para liberar as pessoas para a surpresa. O problema é deixar no piloto automático e, por comodidade, não alçar voos maiores.
A hipermetropia do tempo
Um estudo feito pelas universidades de Basel, na Suíça, e de Indiana, nos Estados Unidos, comprova: casais que estão juntos há 40 anos se conhecem menos que os que dividem o mesmo teto há 25 meses! Durante o teste, cada um tinha de apontar as preferências e dizer quais seriam as escolhas do parceiro entre 40 opções de filmes, 40 pratos e 38 designs de cozinha mostrados em um catálogo. O grupo de recém-casados acertou quase metade das respostas, enquanto o dos que estavam fazia um tempão juntos atingiu 40%. Para os especialistas, o resultado indica que o convívio vai sedimentando a ideia de já se conhecer tudo sobre o outro. Portanto, nada mais haveria para descobrir. Pode evidenciar também que não presta mais atenção nos desejos e nas necessidades alheias.
É como se você estivesse no mesmo cargo há séculos e um novo chefe viesse ensinar algo. Ora, não se ensina o padre a rezar missa! Mas a falta de disposição para ver a mudança e aprender com ela é o gatilho para uma rotina de amarras. A pesquisa levantou ainda que quem está em um relacionamento duradouro tende a atribuir ao parceiro os próprios gostos. É como se o tempo fizesse as lentes cor-de-rosa virarem hipermetropes. Mas em defesa dos casais de longa data há um dado importante: eles se declararam mais satisfeitos e felizes do que o restante.
Rituais nossos de cada dia
Em um mundo em que valores são tão caros e a família tem sofrido abalos sísmicos, é um bálsamo cultivar atividades importantes para manter o núcleo unido. Por exemplo, fazer as refeições juntos, ir ao cinema todo domingo, ver abraçadinhos aquele programa na TV. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, concluíram que a rotina nas relações afetivas diminui as oscilações de humor. Se não preservados os rituais sagrados, mesmo quando o trabalho aumenta ou o cansaço aparece, cria-se espaço para as surpresas. Os parceiros vão caminhar no parque, notam que foi inaugurada uma academia na esquina e, pronto, matriculam-se nas aulas de dança de salão! Muitos pais resgatam o lado infantil quando os filhos nascem. Por que não podem voltar a namorar, a brincar, depois que o tempo passa, diz Beatriz.
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